Pierrot, 1983 – gravura (serigrafia em branco e preto – P/A – V/V – 70 x 50 cm sem moldura – Acervo Darcy Penteado, São Roque, SP – Material de pesquisa Jaqueline Ferreira
Mergulhar nesta imagem demanda evocar o Pierrot, palavra de origem francesa que designa uma personagem ingênua e sentimental da Commedia dell’Arte italiana. Serviçal de pessoas ricas, apaixona-se pela Colombina, dama de companhia da casa, que só tem olhos para o Arlequim, também empregado, mas debochado e preguiçoso. Citado na célebre música “Máscara negra”, composta por Zé Keti, em 1967, o Pierrot é, portanto, um palhaço triste que vive um amor platônico, pois não tem coragem de se declarar, guardando flores nunca entregues e escrevendo cartas também não enviadas. Por tudo isso, costuma ser representado com lágrimas no rosto ou uma flor ou bilhete nas mãos. Neste autorretrato, Darcy Penteado surge na figura de uma criança emburrada, sendo associada a uma ave preta, o corvo, que se repete em suas obras nos últimos anos como representação da proximidade da morte. O contraste do menino olhando para o público e do pássaro inclinado para baixo acentua as tensões entre a figura solitária em busca de ajuda e o animal indicando o local de onde todos vieram e para onde retornarão, como cita a Bíblia: “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” (Gênesis, 3:19).
Para participar deste projeto, que busca valorizar a obra do artista tendo em vista a celebração de seu Centenário em 2026, encaminhe imagens realizadas por Darcy Penteado com respectiva ficha técnica.
